segunda-feira, 5 de novembro de 2012

The Walking Dead - A Ascensão do Governador




A franquia de zumbis mais celebrada da década acaba de conquistar um novo universo. Inspirado na série de quadrinhos best-seller do New York Times — publicada desde 2003 e vencedora do Eisner Award —, que originou o bem-sucedido seriado de TV homônimo, The walking dead: A ascensão do Governador, primeiro volume de uma trilogia, narra a origem de um dos mais perversos personagens da ficção. Criador dos quadrinhos e um dos produtores do seriado que já bateu diversos recordes de audiência nos Estados Unidos e foi finalista em várias categorias no 68º Golden Globe Awards, incluindo Melhor Série Dramática de TV, Robert Kirkman é co-autor deste romance com o veterano do gênero de horror Jay Bonansinga. O livro apresenta aos leitores um novo núcleo de personagens — já bastante conhecido dos fãs das HQs e que deve despontar em breve nas próximas temporadas da série, exibida no Brasil pela Fox.

No mundo de The Walking Dead não existe vilão maior do que o Governador, o déspota que comanda a cidade de Woodbury. Com seu senso doentio e muito particular de justiça, ele força prisioneiros a lutarem contra zumbis em uma arena, para delírio dos moradores entediados. Também não é incomum vê-lo dilacerar as entranhas daqueles que cruzam seu caminho. Eleito pela revista americana Wizard o “vilão do ano”, ele é o personagem mais controvertido em um mundo dominado por mortos-vivos.
Agora, os fãs irão descobrir como ele se tornou esse homem e qual a origem de suas atitudes extremas. Para isso, é preciso conhecer a história de Phillip Blake, sua filhinha Penny e seu irmão Brian. Junto com dois grandes amigos, eles formam um grupo de resistência nada comum. O objetivo é cruzar o estado da Geórgia, percorrendo os 30 km que separam Waynesboro de Atlanta. A missão aparentemente simples é na verdade um desafio: estamos no meio de um apocalipse zumbi.
As cidades foram abandonadas, os meios de comunicação estão mudos e o único som do universo são os gemidos incessantes de seres que um dia já foram humanos. Lutando para encontrar comida, armas e esconderijos seguros, os cinco vão enfrentar um cenário de completa desolação a caminho do mítico centro de refugiados. A única certeza de Phillip é a de que fará tudo para salvar sua família. Quem sabe assim também consiga salvar a própria alma.
Com um desfecho surpreendente, a trama revela novos elementos e fornece aos leitores pistas para compreender melhor os personagens e preencher algumas lacunas do enredo com as peças que faltavam.
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A estrutura da narrativa mostra-se diferente tanto do que é apresentado nos quadrinhos quanto o que vemos na série da FOX. Isto porque a história é contata em loops. Alguns elementos do dia-a-dia do grupo de sobreviventes acabam ativando flashbacks. Estas lembranças então são usadas para ancorar e justificar certas reações no grupo. Este recurso é muito bem vindo pois não permite que a narrativa adquira um caminho muito linear. Mas este é um estilo que deve bem muito bem conduzido, evitando os picos de anti-climax. 
Vários pontos internos à história podem ser ressaltados aqui. Mas pontos interessantes são algumas falas de personagens que levam a crer que eles conhecem muito mais a cerca do mecanismo de criação dos mortos-vivos do que o que temos no caso do grupo de Rick e Lori. 
Outro aspecto que poderá levar ao interesse dos fãs do gênero "Apocalipse Zumbi" e em particular aos seguidores de "The Walking Dead" é que a história começa a ser contada de um ponto mais bem localizado que no caso de Rick. aqui, sabemos que a "praga" na região,  tem por volta de cinco dias. E ao longo da insólita viagem para Atlanta, os personagens se deparam com incêndios, acidentes e saques recentes. para se ter uma idéia, a rede elétrica ainda funciona e os canais de TV transmitem (mensagens de emergência é bem verdade). 
Vale a pena ler este livro? Sim. E existem vários motivos que justifiquem esta ação. Primeiro: é uma linguagem diferenciada para contar histórias de um mesmo universo ficcional. O mundo de The Walking Dead foi inicialmente construído sobre o alicerce dos quadrinhos. E quadrinhos lembram o cinema mudo a partir do momento em que tem que se utilizar de uma maior expressão visual para comunicar ao público os sentimentos propostos. Segundo: não é mais do mesmo. Centralizado num núcleo de personagens diferenciado, o livro é capaz de oferecer visão complementar do apocalipse inicialmente fisico e, que após durar uma semana, desemboca no apocalispse moral. E como é sempre bom lembrar: os zumbis são coadjuvantes no cenário the Walking Dead. A crise moral que se segue é a cereja do bolo. Terceiro: é uma mídia que instiga a imaginação. Mesmo contaminada com os estímulos das HQ's e da TV, a imaginação ainda pode ser exercitada e os autores, reconhecendo esta "limitação" do livro, partem para descrições gerais, acreditando que o leitor já tenha tido contato com o universo The Walking Dead através das mídias mais visuais. 

O Bardo cantará muitas canções sobre este livro. Mas bem baixinho, para que nenhum zumbi possa ouvir.

Um comentário:

Alessandro Valentim de Sousa disse...

A série da TV tem se mostrado uma negação em todos os aspectos. Tenho esperança que esses livros venham para complementar as HQ de forma positiva.

Muito bom o post por sinal.