sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Silêncio dos Inocentes



A história do assassino serial Hannibal Lecter ganhou projeção mundial a partir do filme O Silêncio dos Inocentes, de 1991. No filme, Jodie Foster e Antony Hopkins, nos papéis de Clarice Starling e Hannibal Lecter travam uma relação pai-filha, professor-aluno, médico-paciente enquanto um assassino serial (Buffalo Bill) precisa ser detido antes de matar sua sexta vítima.
O filme é um clássico, ganhando até mesmo o título de  "culturalmente, historicamente e esteticamente" importante pela Biblioteca do Congresso e foi escolhido para ser preservado no National Film Registry em 2011.
Fiquei curioso para ler o romance original. O livro de Thomas Harris, lançado em 1988 é o segundo da série que foi aberta com o Dragão Vermelho (1981).
A leitura dO Silêncio dos Inocentes é bastante fluida e de cara é possível perceber porque o filme ganhou Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. O que vimos no cinema é suficientemente fidedigno para não comprometer a narrativa. Mas é importante notar que vários elementos do livro não estão presentes na obra escrita.
A profundidade da relação Starling-Lecter é bem maior no livro. A "terapia" que ele conduz revela coisas sobre o passado de Clarice que não puderam ser exploradas no filme por simples questões de tempo.
Outra diferença é em relação ao assassino Buffalo Bill. No livro, sua ação, embora extremamente criminosa fica melhor "justificada" e esta tal justificativa é bastante convincente.
Thomas Harris trabalhou durante muitos anos como repórter policial e isto deu ao mesmo, conhecimento tanto do jargão técnico quanto das girias internas dos serviços de pesquisa forense. Mas o mais admirável é o cenário psicológico que Harris consegue criar. Muito hábil com as palavras, ele sabe criar suspense entre os capítulos. Outra característica do autor, é a capacidade de permitir que o leitor também possa tirar suas conclusões de certas intenções das personagens.
A experiência de ler um livro, que originou um filme tão emblemático é bastante interessante. Obviamente que as imagens das personagens ficam contaminadas com a memória visual já estabelecida. E algumas vezes lembrei de um comentário que alguns professores de linguas estrangeiras utilizam: seu maior entrave no aprendizado de outro idioma é sua lingua original. E foi um pouco disto que senti. Ficava esperando que certos acontecimentos se desenrolassem com a mesma velocidade e intensidade que no filme, o que era um erro. Acabei descobrindo a atração por uma leitura mais descompromissada com minha memória, onde pude ver as personagens por ângulos que o filme não pôde explorar.
Assim, mesmo para quem já conhece bem o olhar frio e distante do Dr. Lecter, através da brilhante interpretação de Antony Hopkins (Oscar de Melhor Ator, 1992), não deixem de experimentar esta leitura que é igualmente instigante. É fascinante deixar-se apreender por palavras e sentir o frio na barriga nas páginas finais,

O bardo sente prazer em cantar muitas canções sobre a Mariposa da Morte.

Um comentário:

Samantha M. disse...

Olá!!

Sou fascinada pela estória de Hannibal Lecter, apesar de ter apreciado apenas o filme.

Imagino que o livro deva ter um encanto especial por proporcionar a construção de seus personagens e não apenas tê-los expostos.

Beijos,

Samantha Monteiro
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